O PARTO E A DOR

 

O PARTO E A DOR 

QUAL O SIGNIFICADO DA DOR PARA VOCÊ?

 

As definições de dor variam, mas em geral, se resumem a duas: 

“Resposta resultante da integração central de impulsos dos nervos periféricos, ativados por estímulos locais.” 

“Experiência sensorial e emocional desagradável associada aos danos reais ou possíveis ao tecido ou em relação a esses danos.”

 

A “dor” é muito conhecida do ser humano e muito temida. Ela é cultural e subjetiva, pode somente ser descrita com as palavras individuais de cada pessoa. Cada um expressa de uma maneira e a dor pode ter vários significados.

 

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DA DOR?

 

A dor existe para nos mostrar que algo não está funcionando bem. Só sabemos que temos uma infecção urinária, cárie nos dentes, otite, entre outras patologias, através da dor. Portanto, ela é muito importante para nós funcionando como um sinal de alerta.

 

PRECISAMOS CONVIVER COM A DOR?

 

Nos dias atuais, com o avanço da medicina e indústria farmacêutica, não precisamos ficar sentindo a dor. Quando descobrimos o motivo da dor podemos eliminá-las com algum tipo de remédio. Mas isso é bom, não sentir a dor? 

Para algumas patologias que não tem cura é fundamental, entretanto, para outras podem camuflar a patologia aliviando-se a dor. Este é o famoso modelo de tratamento do efeito e não da causa.

Em uma hérnia de disco, por exemplo, o mais comum é tomar um antiflamatório para aliviar imediatamente a dor, que é muito intensa. Uma hérnia de disco significa que um segmento da coluna está sendo sobrecarregado a anos por causa de uma disfunção articular. Quando tomamos o antinflamatório, além de não tratarmos a disfunção articular, continuamos nossas rotinas sobrecarregando ainda mais esta hérnia, mas agora sem a dor. 

No parto podemos escolher eliminar a dor ou passar por este momento transformador. Se eliminarnos a dor, o que estariamos camuflando em um parto?!

 

DOR DO PARTO 

Ela existe? Como ela é? Qual a sua importância?

 

Para quem nunca pariu ou nunca sentiu a dor do parto provavelmente vai tentar adivinhar o tipo/intensidade da dor através da comparação com outra dor que já sentiu alguma vez na vida. Tentarão comparar com uma dor de cólica renal ou uma dor de dente muito forte, uma dor de torsão no tornozelo ou até mesmo a dor de uma fratura. E por fim, tentarão lembrar do relato de alguma mulher que falou sobre a dor do seu parto. 

Mas, a realidade é que a dor do parto é única, cada mulher sentirá ou não de uma forma diferente, dependendo do que o parto significará para ela. 

Entretanto, é importante ressaltar que a dor do parto é a única dor fisiológica do corpo, que não está associada a nenhuma lesão ou patologia. Ela é simplesmente uma “dor saudável”.

 

A dor do parto:

 

- É inteligente, porque não é uma dor contínua. Ela é intermitente, cíclica. Começa bem fraca, vai aumentando a intensidade da dor até atingir seu auge e começa a diminuir até sessar a dor. Quando existe a dor, ela ocorre nas contrações. E há um momento de pausa entre as contrações para a mulher se concentrar, relaxar, descansar, se conectar com o bebê e absorver o que está acontecendo com o seu corpo e seu bebê. 

- Trás a mulher para o presente. Mantém a mulher na hora do parto em alerta, mostrando o tempo todo que o seu bebê está ali, trabalhando aos poucos para sair do útero e ir direto para o seu colo. Eu costumo dizer que é como se o bebê dissesse: “- Mamãe, estou aqui, estou chegando aos poucos para perto de você!”. 

- Ela tem um objetivo claro que é trazer ao mundo um bebê. 

- A dor faz parte do crescimento da mulher. É um momento de transição e transformação de mulher para uma mulher que se torna mãe. 

- Tem começo, meio e fim.

 

Não existe outra dor tão sabia quanto a dor do parto!

 

POR QUE EXISTE TANTO MEDO DA DOR DO PARTO?

 

Simplesmente porque nós achamos que conhecemos a dor do parto. Quem nunca pariu não conhece a dor do parto, mas tem medo porque conhece a palavra dor por outros motivos. Nós comparamos a dor do parto à experiências de dor negativas que já tivemos na vida.

 

Também temos medo da dor do parto por razão cultural que vai passando de geração para geração: 

- porque nos foi ensinado de que sentir dor no parto é uma punição para a mulher e que precisamos sofrer para parir;

- porque existem muitas experiências negativas de parto que são enfatizadas e enraizadas de de geração em geração;

- porque falta conhecimento da fisiologia do corpo e consciência corporal;

- porque falta acreditarmos na natureza, que ela é perfeita;

- porque simplesmente acreditamos que temos que sofrer para parir.

 

O QUE CAUSA A DOR DO PARTO?

 

Acredita-se que a dor do parto é resultado da dilatação do colo uterino e das contrações ritmadas do útero. 

Na primeira fase do trabalho de parto, o hormônio prostaglandina é responsável pela dilatação do colo uterino. Nesta fase a dor costuma ser forte, aumentando a cada dilatação até chegar aos 10 cm de dilatação total do colo do útero. 

Na segunda fase do trabalho de parto, o hormônio ocitocina é responsável pelas contrações uterinas para o expulsivo do bebê, são os puxos que entram em cena. Nesta faze, a dor costuma diminuir um pouco de intensidade ou até mesmo não existir. 

Se houver alguma intercorrência e desequilíbrio da produção e liberação desses hormônios é possível que a dor seja elevada e a mulher continue com dores muito fortes até o final do expulsivo.

 

O QUE PIORA A DOR NO PARTO?

 

- Desequilíbrios da liberação hormonal da prostaglandina e ocitocina.

 

- Medo: medo da dor, medo do corpo não funcionar, medo de não conseguir parir, medo de acontecer alguma coisa ruim com o bebê, medo de não ser uma boa mãe, traumas, entre outros medos. 

O medo tem o poder de interromper o processo natural do parto, porque ele é capaz de fechar o corpo para o inserto mandando informações negativas para o cérebro.

Trabalhar na pré-gravidez e/ou gestação a consciência corporal, manter a mente tranquila, manter contato com seu bebê sentindo a intuição - instinto mamãe-bebê e acreditar na perfeição da natureza trás segurança, confiança e empoderamento para a mulher. Não há lugar para o medo.

 

- Tensão muscular: medo, estresse, barulho, luz forte, cansaço e exaustão, disfunções musculo-esqueléticas anteriores, contração excessiva muscular, fechamento do corpo.

Um corpo relaxado faz com que os músculos, cápsulas e ligamentos fiquem relaxados, sem tensões, deixando as aritculações mais maleáveis para a abertura da pelve facilitando o encaixe do bebê na pelve e a passagem dele pelo canal vaginal.

 

O QUE TRÁS MEDO E TENSÃO MUSCULAR EXCESSIVA?!

 

- falta de informações adequadas;

- falta de apoio do companheiro/família;

- equipe não humanizada;

- ambiente desfavorável, desagradável;

- falta de consciência corporal;

- entre outros.

 

POR QUE É IMPORTANTE SABER LHE DAR COM A DOR DO PARTO?

 

- Para evitar uma analsegia desnecessária. A analgesia está diretamente relacionada a uma “cascata” de intervenções na mamãe e no bebê. 

- Para evitar o “sofrimento” desnecessário. 

- Para a mulher poder desfrutar deste momento tão importante e transformador, poder se entregar de corpo e alma e sentir todas as informações que seu bebê está passando.

 

COMO PODEMOS “ABRAÇAR” A DOR DO PARTO? 

 

Existem diversas técnicas que podem ser trabalhadas com a mulher na gestação para o trabalho de parto.

 

- Consciência corporal. Quanto mais a mulher conhecer o seu períneo e o seu próprio corpo, seus limites e suas necessidades, mais segura e confiante ficará no trabalho de parto. Existem exercícios específicos que podem ser feitos para aumentar a propriocepção do corpo e do períneo.

 

- Mobilidade articular. Toda articulação tem uma determinada amplitude de movimento.

Entretanto, nas últimas décadas, as posturas adotadas no dia-a-dia, principalmente para ficar sentado um dia inteiro na frente de um computador, faz com que a maioria das pelves e sacros fiquem retrovertidas (“nádegas encaixadas para dentro”) na maioria das mulheres diminuindo esse jogo articular na região. Além da postura, existem as lesões na sacroilíaca, como quedas sentado em cima do cóccix que diminui a mobilidade articular. Esta posição em retroversão e lesões pré-existentes no quadril é desfavorável para o parto.

É importante que todas as articulações estejam liberadas, funciondando dentro da sua amplitude articular normal, para a pelve se adaptar durante o trabalho de parto e se abrir com o encaixe, descida e saída do bebê.

Existem exercícios e técnicas de terapia manual como a Osteopatia que liberam estas articulações.

 

- Relaxamento. Quanto mais relaxada a mulher estiver no trabalho de parto, mais relaxado os músculos, cápsulas e ligamentos estarão para a pelve se abrir.

Para ganhar relaxamento, existem diversas técnicas que podem ser trabalhadas: massagens, água morna do chuveiro ou banheira, técnicas de vocalização e de respiração, meditação, hipnose, entre outras.

 

- Equipe humanizada. Somente com uma equipe humanizada é póssível ter um parto respeitoso. É preciso respeitar a fisiologia natural do parto, respeitar as vontades da mulher, respeitar o tempo do bebê. É preciso ter um ambiente favorável, silencioso, com luz baixa, sem estresse. É preciso esperar, esperar, esperar. É preciso calma.

 

- É preciso mudar a forma como vemos a dor. A palavra dor é negativa, porque só temos experiências negativas com esta palavra na vida. Podemos falar, então, de ondas energéticas. Cada contração trás uma onda de energia positiva no útero tão forte que podemos sentir na alma a sua profundidade. É preciso deixar esta onde vir, fazer o seu papel de alerta e comunicação, e deixar ela transformar seu corpo. A dor é bem-vinda. A cada contração esta onda energética trás o seu filho para mais perto de você. 

 

DEFINIÇÃO DE PARTO

 

Parto é ocitocina. Ocitocina é amor. Parto é amor.

  

“A DOR É INEVITÁVEL MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL” (Tim Hansel)

 

Fisioterapeuta Dra. Lilian Sarli

Mestra pela Unicamp / Ortopedia e Medicina Esportiva
Crefito: 123955 - F
 
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Paulínia - (19) 3874-2134 / (19) 99267-3331  

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