PERÍNEO - CUIDADOS FEMININOS
- Blog
- 16 Junho 2015
- Lilian Sarli
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PERÍNEO - CUIDADOS FEMININOS
Você cuida da saúde do seu períneo!?
O assoalho pélvico, conhecido também como períneo, são um grupo de músculos e ligamentos localizados na região inferior da pelve.
O períneo é um músculo como outro qualquer do corpo. Ele possui, tônus muscular, elasticidade e inervações. Portanto, pode ser fortalecido, sofrer de fraqueza muscular e ter alterações locais por conta da sua inervação.
Nós mulheres, muitas vezes, vamos atrás de exercícios físicos para fortalecer os músculos do corpo no geral em academias, aulas de yoga e Pilates, danças ou algum tipo esporte. Entretanto, o músculo períneo fica escondido e ignorado. 30% das mulheres nem sabem contrair estes músculos.
Os músculos do períneo, no passar dos anos, vão perdendo seu tônus muscular naturalmente, assim como o músculo tríceps braquial, o famoso “músculo do tchauzinho”, que vai ficando flácido. É o mesmo mecanismo. A diferença está nas funções que cada um deles exerce no corpo.
O assoalho pélvico é responsável por sustentar os órgãos intra-abdominais, como a bexiga e o útero, e fazer a contenção urinária, por exemplo. Sua função é importantíssima na saúde da mulher. E quem se preocupa com isso? Quem conhece suas funções? Afinal, o que isso tem de importante?
Algumas década atrás, a mulher engravidava entre 17-22 anos de idade. Nos dias atuais, as mulheres estão esperando cada vez mais para engravidar, em média com 35 anos, podendo chegar aos 40 anos tranquilamente. Mas o seu períneo, que nunca foi trabalhado, já não é mais o mesmo, já não tem mais o mesmo tônus muscular. Muitas mulheres, mesmo as que nunca pariram até os 40 anos, relatam ter pelo menos um leve grau de incontinência urinária, isso graças ao tônus muscular enfraquecido pelo tempo e algumas disfunções pélvicas por posturas inadequadas adquiridas recentemente (como ficar sentada muito tempo apoiado sobre a lombar ao invés dos ísquios) ou até mesmo por algum trauma na região.
Durante os nove meses de gestação, o útero vai crescer conforme o bebê vai se desenvolvendo dentro dele. Sobre o períneo, que forma como se fosse uma rede de sustentação para os órgãos internos, há uma sobrecarga de todo o peso extra do útero, placenta e bebê, assim como o peso corporal geral da mulher (líquidos, sangue e gordura corporal). No terceiro trimestre de gestação é muito comum a incontinência urinária. Cerca de 50% das gestantes apresentam incontinência urinária. Entretanto, a perda involuntária de urina é comum mas não é normal. Vale ressaltar que a incontinência urinária ocorre durante a gestação e persistem, na maioria dos casos no pós-parto por até 15 anos ou mais. Portanto, a incontinência urinária nas mulheres que já tiveram filhos independe da via de parto (natural, normal ou cesárea).
Mas a história do períneo não acaba por aqui.
O períneo é um dos músculos responsáveis pela estabilização segmentar. Ele atua conjuntamente com o músculo transverso do abdome, diafragma e multífidos (pequenos músculos da coluna vertebral) para estabilizar o quadril e a coluna lombar. As contrações desse conjunto de músculos estabilizadores são ativados milissegundos antes de qualquer movimento do corpo (os quais são feitos pelos músculos globais), estabilizando as articulações para que possa ocorrer o movimento com precisão, dentro da sua amplitude normal e sem sobrecarga. Isto que dizer, que antes mesmo de se mexer o braço direito, por exemplo, o transverso do abdome é ativado milissegundos antes para estabilizar o tronco e o quadril. Portanto, uma disfunção, trauma e fraqueza muscular perineal, interfere negativamente no resultado final da função estabilizadora geral do corpo. Muitos estudos científicos relatam que uma disfunção severa no períneo pode levar a dor na região lombar, a longo prazo, por conta desta integração muscular.
E no parto? O que acontece com o períneo?
O parto é um evento natural e fisiológico. Toda mulher foi feita para parir. O bebê se encaixa na pelve e ocorre a dilatação do colo uterino. Em seguida entra em cena as contrações e os puxos (vontade de fazer força para expulsar o bebê). O bebê vai descendo e rodando até coroar, enquanto o períneo vai se amoldando. Neste momento, o períneo está no seu alongamento máximo (o famoso “círculo de fogo”). E assim o bebê nasce: passa a cabecinha, os ombros, o corpo e os membros inferiores. O períneo foi feito para esse mecanismo. Entretanto, por alguns motivos, ainda podem ocorrer pequenas a grandes lacerações perineais e até mesmo a episiotomia.
Essas lesões/traumas perineais deixam marcas no tecido muscular – a cicatriz. Estas marcas desencadeiam outras disfunções:
1) maior grau de fraqueza muscular pelo próprio trauma muscular,
2) diminuição da elasticidade muscular no local da cicatriz. Isto significa que para um próximo parto, pode não ocorrer laceração no mesmo local da cicatriz anterior (o que não é frequente), entretanto, a falta de elasticidade nesta cicatriz faz com que aja uma sobrecarga na musculatura ao redor para compensar esta falta. Lembrando que esta cicatriz pode ser trabalhada com liberações teciduais com técnicas manuais específicas.
3) e inibição dos músculos estabilizadores locais. Ocorre uma inibição da função estabilizadora do próprio períneo imediatamente na hora do trauma, e consequentemente, nos seus companheiros transverso do abdome e multífidos da coluna vertebral, a longo prazo.
E na cesárea?
Muitos devem pensar que por este ponto de vista a cesárea seria melhor. Mas o cenário não é muito diferente. O corte cirúrgico feito na região inferior do abdome é justamente feito em cima do músculo transverso do abdome, que tem ligações diretas com o períneo, como dito anteriormente. Este corte também acarreta inibição imediata da função estabilizadora e consequente disfunções em todo sistema de estabilização segmentar, enfraquecendo especificamente o períneo através da inervação. E mais uma vez temos um períneo afetado com consequente fraqueza muscular e incontinência urinária futura.
E para finalizar - o pós-parto.
Qual o cenário mais comum em um pós-parto?
- Um períneo com idade média entre 30-40 anos (baixo tônus muscular).
- Um períneo que nunca foi trabalhado.
- Um períneo que já sofreu muita sobrecarga na gestação.
- Um períneo que pode ter sofrido laceração ou episiotomia.
Além de todo este cenário, entra mais um agravante para o períneo – a flacidez do abdome. O abdome também participa de todo o conjunto da estabilização segmentar, como dito anteriormente. É por isso que muitas mulheres no pós-parto relatam que tentam fazer exercícios abdominais e não conseguem fortalecer o abdome. É simples o mecanismo. Enquanto este períneo (ou transverso do abdome, no caso da cesárea), associado ao estiramento máximo das fibras musculares do abdome, estiver fragilizado, este abdome não será ativado facilmente para ganhar tonificação e força muscular.
E o peso extra do bebê fora do corpo? Carregar o bebê no pós-parto é outro peso extra sobre o períneo fragilizado. As posturas inadequadas com a coluna curvada para pegar o bebê seja do berço, ao entrar e sair do carro, dar banho na banheira, entre outras, são corriqueiras e para isso seria necessário a estabilização da coluna e pelve, o que também está prejudicado na mulher no pós-parto.
Por isso o períneo é a chave da saúde da mulher. Através dele é possível equilibrar e desequilibrar as estruturas do corpo.
Parece uma história aterrorizante, mas o mais comum é termos uma mãe que sofre de incontinência urinária (mesmo que seja mínima a perda de urina), dores na coluna (cervical, torácica ou lombar) e que tem algum tipo de disfunção sexual (como uma simples dor durante a relação sexual). E é tão comum que se torna banal.
É o que se tem no mundo das mulheres, mas ninguém comenta. Ninguém conversa sobre este assunto. Nenhuma mulher apresenta seu períneo para uma outra mulher. As mães não tem tempo para sentir seu corpo. As mulheres acham normal ter escape de urina, dores na coluna e algum tipo de dor na relação sexual.
Mas não é normal, é infelizmente, comum.
Vamos conversar sobre períneo?
Um períneo saudável e bem cuidado passa a vida toda com suas funções de origens trabalhando de forma eficiente.
Procure um fisioterapeuta especialista na saúde da mulher e faça uma avaliação do assoalho pélvico.
Fisioterapeuta Dra. Lilian Sarli
Paulínia - (19) 3874-2134 / (19) 99267-3331